sábado, 13 de outubro de 2012

Texto: Coisa de Meninas:





Vocês já perceberam que aquilo que exprime uma fragilidade todo mundo chama de ‘coisa de menina‘? Romance é coisa de menina, chorar é coisa de menina… homens não choram. Você se entrega com intensidade? Você sofre dramaticamente quando se decepciona? Você está agindo como uma menina.
O que há de errado em ser menina? Qual o problema em ser intensa, verdadeira, bondosa? Hoje em dia todos nos cobram uma seriedade, uma frieza que muitas vezes nos afastam de algo verdadeiramente bom.
Meninas têm facilidade para se doar. É como se já tivéssemos nascido com esse dom. Essa facilidade de doação foi distorcida e colocaram na cabeça de todo mundo, até na nossa mesmo, que nós fomos feitas para agradar. Seria essa nossa função, apenas.
Os tempos mudaram, certo? Continuamos com o verbo doar, porque eu acredito que realmente seja da nossa natureza. Mas conquistamos outros como, por exemplo, trabalhar, tranformar…
A fragilidade feminina, vinda de nossa aparência, engana. Somos muito fortes. Quantas meninas sofreram violência, preconceitos, abandonos e deram a volta por cima? E além de conseguir superar, geralmente elas criam iniciativas para ajudar aquelas que passam pela mesma situação. Entendem quando eu falo que não largamos o verbo doar?
Acredito que o mundo seria melhor se todos nós valorizássemos o nosso lado feminino. Digo todos nós porque acredito que homens também tem um pouco dessa sensibilidade e deveriam mostrá-las. Por um mundo bom.
O post de hoje foi inspirado numa palestra que eu assisti pela internet: ‘Abrace a menina que existe em você‘ dada pela Eve Ensler. Eve é dramaturga norte-americana, fundadora e diretora artística do DIA-V (www.vday.org) um movimento para deter a violência contra mulheres e meninas.
No final da Palestra Eve mostrou um texto que ela escreveu inspirada numa menina que conheceu em Watts, L.A. Eve perguntou a um grupo de meninas se elas gostavam de ser meninas. E a resposta da maioria foi: Não! Não gosto, não suporto, meus irmãos tem mais coisas do que eu. Apenas uma menina disse: Eu adoro ser menina! E esse texto é pra ela.
Eu adoro ser menina. Eu sinto o que você está sentindo enquanto você sente o sentimento anterior. Sou uma criatura emocional. Para mim nada vem em forma de teorias intelectuais ou idéias pré-concebidas. Tudo pulsa através de meus órgãos e pernas e queimam minhas orelhas. Eu sei quando sua namorada está irritada mesmo quando ela faz tudo do jeito que você quer. Eu sei quando uma tempestade se aproxima, posso sentir as vibrações no ar. Sei quando ele não vai ligar. É uma sensação que eu tenho.
Sou uma criatura Emocional. Adoro levar tudo muito a sério. Tudo é muito intenso pra mim. Minha maneira de andar, o jeito da minha mãe me acordar, a dor insuportável da perda, a maneira como encaro más notícias. Sou uma criatura emocional. Mesmo que machuquem meu coração, mesmo que me desvirtuem, que me forcem a ser responsável. Eu sou uma criatura emocional, incondicional, devotada. E eu adoro, repito. Eu adoro, adoro, adoro ser uma menina.”

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